Desmistificando o mau hálito

Desmistificando o mau hálito

Autor: Jean Rodrigo dos Santos
Muitos de nós já nos deparamos com a situação "desagradável" de conversar com alguma pessoa portadora de algum grau de mau hálito, por que isso ocorre?

Mau hálito, também conhecido como HALITOSE que é o termo científico para o mau hálito e é uma palavra originária do latim halitu (ar expirado) e osi (alteração). É muito importante dizer que o mau hálito é um sintoma e não uma doença. Ele revela que algo no organismo está em desequilíbrio, que tem de ser detectado e tratado.
A halitose, em casos severos, acaba por isolar o indivíduo do convívio social ou então faz com que ele se retraia. É um assunto muito extenso e, normalmente, quem sofre do problema já procurou especialistas de diversas áreas, nem sempre com um resultado satisfatório.

A melhor forma de conseguir saber sobre seu hálito é realmente perguntar a alguém íntimo, de seu convívio social, pais, irmãos ou companheiros. Mas infelizmente, ainda hoje, o assunto é tratado com cautela e os portadores desta situação ficam na penumbra da vergonha de procurar solução.

Na década de 70, o Canadense Tonzetitch e seus colaboradores nos EUA foram responsáveis pelos principais avanços na pesquisa sobre a halitose. Eles abriram o caminho identificando os compostos voláteis de enxofre no ar da boca como os principais causadores do mau hálito. Alertaram também para o papel da língua como importante foco de produção desses gases a base de enxofre.

A secreção de saliva é importante para a saúde bucal, participando na digestão com a produção de enzimas, que atuarão sobre os alimentos enquanto estes permanecerem na boca. A saliva equilibra os níveis de oxigênio na boca. Uma boca com pouca produção de saliva, a chamada "boca seca" (Xerostomia), terá, consequentemente, pouco oxigênio, propiciando assim a ação de certas bactérias, que por sua vez produzirão os tais gases (que produzem o mau cheiro).

Nos próximos parágrafos demonstrarei porque o mau hálito não é tão simples de ser detectado e tratado, pois seu tratamento envolve além de conhecimento específico em halitose, um conhecimento multidisciplinar.
Tratamento de Halitose - Uma Visão integrada
Para tratar a halitose é preciso olhar para o paciente como um todo, pois é comum existirem causas associadas. O aspecto emocional tem muita influência, pois causa muitas vezes uma hiposalivação (diminuição da quantidade de saliva) ou então a hipoglicemia (nível baixo de açúcar no sangue) ambas com potencial de causar o mau hálito.

Uma avaliação criteriosa é necessária para avaliar seu nível de stress e também diversas funções do organismo tais como: função renal, hepática, digestiva, pulmonar, endocrinológica e avaliação de quaisquer problemas nas vias aéreas superiores. Pode se usar também, no tratamento, certos exames para avaliar a quantidade de derivados do enxofre produzidos na boca (através de um equipamento específico), verificação do fluxo salivar (sialometria), da pressão arterial e batimentos cardíacos, diagnóstico da presença de ronco e apnéia e da xerostomia ou hiposalivação (baixa produção de saliva), entre outros. Além disso, deve se avaliar os aspectos psicológicos relacionados com o mau hálito.

Um exame bucal completo também é muito importante. Nesse exame serão avaliadas as condições dos dentes, gengiva, lábios, bochechas, língua, amídalas e como está a higiene bucal.

Existem mais de 50 causas para a Halitose. Aproximadamente 90% dos casos têm origem bucal, sendo que se for detectado algum problema de ordem médica (ligado ou não ao mau hálito e suas causas), o paciente deve ser encaminhado a um especialista correspondente.

Uma das causas mais comuns é a diminuição da quantidade de saliva, ocasionada por inúmeros fatores (remédios que a pessoa possa estar tomando que diminuam a salivação, stress, certas doenças, etc.).

Essa diminuição da quantidade de saliva favorece a formação de uma placa bacteriana (camada esbranquiçada) na parte posterior da língua, chamada de saburra lingual. Ela é formada por restos alimentares, células que se descamam da mucosa bucal e bactérias, que se alimentam das proteínas presentes nessas células. Nesse processo ocorre a liberação de enxofre que causam um hálito muito forte.

É muito importante evidenciar que as patologias das vias aéreas superiores (sinusites, amidalites, rinites, adenóides) podem gerar mau hálito principalmente por tornar o paciente um respirador bucal, o que irá gerar um ressecamento na mucosa oral e conseqüentemente aumentar a quantidade de descamação de tecidos (células) o que irá estimular a formação de saburra lingual.

Certos medicamentos, como por exemplo, calmantes, remédios para pressão e para o coração podem reduzir a quantidade de saliva, o que provoca o mau hálito. Outra causa comum são os longos intervalos em jejum que provocam a hipoglicemia – diminuição de açúcar no sangue, (quem já fez regime para emagrecer sabe disso).

É normal ter halitose ao acordar. Isso se dá pelo jejum da noite associado à redução do fluxo salivar que acontece normalmente durante o sono. Após ingerir o café da manhã e escovar os dentes, esse hálito deve desaparecer. Se não desaparecer, existe algum problema que deve ser investigado e tratado.

Bebidas alcoólicas e diversos alimentos (principalmente os com excesso de gordura animal e proteína, além do alho, cebola, frituras, alimentos que contenham enxofre, etc.) podem causar uma alteração no aroma bucal, especialmente em pessoas que já tiveram ou têm algum problema no fígado, pela dificuldade deste em metabolizar certas substâncias presentes nesses alimentos.

É importante dizer que o estômago não provoca o mau hálito, a não ser em raríssimos casos. Um exemplo disso, ainda que muito raro, é quando a pessoa é portadora de um refluxo gastresofágico, e devido ao refluxo constante de comida em sua boca, é facilitada a formação da língua saburrosa e esta sim irá gerar o mau hálito. O intestino preso ou a diarréia podem, às vezes, causar o mau hálito.

Diabetes, disfunção renal grave, carência de vitamina C e outras doenças ou disfunções também podem causar alteração no odor bucal, bem como as alterações nos dentes e principalmente na gengiva.

Os tratamentos variam, desde simples modificações na higiene bucal até recursos para aumentar o fluxo salivar e utilização de medicamentos tópicos ou sistêmicos, para reduzir atividade de certos tipos de bactérias na boca.

Já existem exames para medir a gravidade da halitose, entre eles a sialometria (medição do fluxo salivar) e o halímetro, que mede a quantidade de compostos de enxofre presentes na boca. O mais comum é que existam algumas causas relacionadas. Como já citei, o tratamento depende da causa, por isso é importante o diagnóstico correto, o mais rápido possível, para a cura da halitose através do método adequado. O combate ao mau hálito começa com uma boa escovação, uso do fio dental, o uso do flúor e visitas periódicas ao dentista.

O dentista poderá diagnosticar e tratar o problema, e se a causa da halitose estiver em outro órgão que não seja a boca, ele encaminhará o paciente ao profissional apropriado.

Abraço a todos e até o próximo artigo!

Perfil do Autor
Professor do Curso de Aperfeiçoamento em Odontologia Estética
Pós-graduado em odontologia estética
Especialista em Dentística com ênfase em Prótese e Estética
Colunista de saúde bucal da Folha de Londrina / Portal Bonde
Membro da Sociedade Brasileira de Pesquisa Odontológica
Membro do Conselho Brasileiro de Telemedicina e Telesaúde
Membro da Academia Brasileira de Odontologia Estética

Consultório:
Rua Santa Catarina, 345
Andirá – Paraná.
Fone (43) 3538-4072

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